quarta-feira, 26 de maio de 2010 0 conceito(s)

Conversa de Espelho

Nossa, tens mesmo tua alma dura
Nunca, com canções, amolecida
Tantas feridas nessa armadura,
Há, acaso, lacuna arrependida?

Porque o que fazes é só teu papel
E na tua cabeça, vê-se um tropel
Realidade sempre relativa
Antes de qualquer decisão, viva!

Mas viva, se tu precisas viver
Morra se queres, por tudo, morrer
E não deixes a indecisão bater
Por amor ou até bem-querer

Choras, porque este choro acalenta
Sofres, porque bem sei que tu aguentas
Pedes, tentas, se não há outro meio
Vence, acima de tudo, teu receio.
domingo, 23 de maio de 2010 2 conceito(s)

Breve conto de amor.

Ele era ele mesmo. Acho que isso me interessou. Não me importei em ser ou não corrupto. Político, médico, advogado. Na realidade, não me lembro nem o que era. O que me incomodou foi o sorriso e o brilho nos olhos, ao mesmo tempo sinceros e falsos, ao mesmo tempo convidativos e repulsivos. E amei aquilo nele. Era como ver um espelho e ele sabia disso. Mas... não sei, não importa.
Segui, clichês, sentei ao lado dele, clichê, pedi um Martini (rosé, por favor), clichê, ele sorriu e falou que era por conta dele, clichê. Eu agradeci. Conversamos e, talvez por medo de escutar o nome de uma profissão indesejada, nem nos perguntamos no que trabalhávamos. Ele passou horas falando sobre a beleza dos meus olhos, ou do copo de cristal, deveras não há diferença. Senti uma breve idéia se formar, e todos os meus sentidos me incitavam a isso. Pedi licença, fui ao banheiro. Retoquei a maquiagem, voltei. Fomos embora, chamei-o para subir e ele subiu. Claro, sem compromisso, como quem quer conhecer a casa onde vai morar se tudo der certo. E sem compromisso nos amamos e a cada hora eu estava mais envolvida.
Breve história de amor, quando percebi que o fim estava próximo, mas não o meu fim, o fim daquela fantasia de bar, que começou 6horas atrás, resolvi terminar do meu jeito. Disse a ele que tudo havia sido lindo e que só tinha um jeito de continuar lindo, ao menos na minha cabeça. Dito isto, peguei uma faca e cravei-a no peito, no pescoço, na cabeça. Matei-o. Não, não me arrependo. Amo-o hoje, morto, quando sei que não pode me decepcionar. E quando calei todas as vozes que me diziam para amá-lo. Calei essas vozes porque agora realmente o amo. Morto e cristalizado junto com todos os momentos bonitos.

Aline Fall.
quinta-feira, 20 de maio de 2010 0 conceito(s)

Outro ser.

Muitas vezes deixo de escrever coisas por não saber como terminá-las. Ou por perder o sentido no meio. Outras vezes eu simplesmente presto atenção no que já escrevi e penso que seria melhor não terminá-las. O meu 'sujeito poético' é completamente pirado. E isso agrada a tantos. Eu vou viver pra sempre no mundo das poesias. Não tem volta. Começo por apresentar-me: Aline-de-alguma-coisa. Eu tenho uma história, só não sei dizê-la. Eu tenho uma vida e eu (não) sei vivê-la

Mas sou tão carnal e racional que não preciso sabê-la. Tenho no corpo o fogo, e um buraco na alma. Não sou poliglóta, não sei dançar. Não canto e nem sei amar. Não sou inteligente e nem gosto de estudar. Eu sei encantar, seduzir e dilacerar.

Sou Aline, de linhagem nobre, graciosa e elegante. Fall, caída, por natureza. Tenho o futuro que eu quiser. Resta a mim, saber o que quero.


Temo dizer que eu existo. Na ebriedade da sobriedade. No sonambular e no se embebedar. Sou eu que apareço. Sou eu que não me deixo esquecer. Sou Aline Fall, personalidade forte, estou sempre na beira, estou sem eira.

A. Fall
sábado, 8 de maio de 2010 1 conceito(s)

Sobre o hoje e o amanhã.

Hoje eu acordei, sozinha. Não estranhei. Eu sempre acordo sozinha. Não acordar de abrir os olhos, levantar. Mas acordar de despertar, sentir, idealizar. E me idealizei sozinha e quis continuar sozinha. E sei que sempre serei sozinha. Porque o meu amor machuca, o meu amor fere, o meu amor destrói. E hoje eu acordei e, como sempre, eu percebi que sou daquelas que fica melhor sozinha. Sou quem, junta fere, sozinha se destrói. Entre ferir e destruir, a pouca dignidade presente diz que devo me destruir sozinha. Hoje, eu acordei, mas amanhã eu não quero acordar. Não acordar de abrir os olhos, levantar. Mas acordar de despertar, sentir, idealizar. Amanhã, ah, amanhã não, amanhã eu quero é sonhar.
domingo, 2 de maio de 2010 1 conceito(s)

Das sensações do (meu) sentir.

Alma perigosa,
corpo talvez não (,)
tão frágil.

Olhos de cobra
sem presas (,)
não venenosas.

Bocas, não, boca
tais intenções
parece fazer (,)
de uma, milhões.

E o fogo que apaga
frieza, exala
daquela maneira
se toda, inteira
ou mesmo, metade.
 
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