sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011 0 conceito(s)

Sem Título VI


É o mais próximo de refúgio do tormento
Nada seguro e não sinto o mínimo de paz
Talvez, o meu refúgio e o meu tormento
Não sou lá, nada mais que leva-e-traz.

É o reviver todo doloroso passado
De lágrimas arrancadas e prescritas
Ao olhar para cada pessoa ou quadro
Com suas faces rancorosas e aflitas.

É como esquecer a ferida fresca
E concentrar na antiga cicatrizada
E se perguntar: qual a mais dantesca?

Ou como retornar à casa e não ter lugar
E concluir que morando cá ou ali
Nunca mais um local irá chamar de lar.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011 0 conceito(s)

Carta à exilada (cont.)

            Querida irmã,
            Previstes corretamente minha primária reação sobre tua demasiada confiança em tal jovem, porém, em mérito próprio, ocorreu-me no seguinte o que irias responder-me e mudei meu “conselho”. Portante, peço-te, exclusivamente, que certifique-te da boa fé alheia. Como remetente, esforçar-me-ei ao máximo para confiar a ti tua própria segurança. Afinal, irmãs caçulas agem assim, certo?
            Deve ser deveras excitante estar em tua pele nesta viagem, porém a culpa que carregas não me agrada nem ao mínimo. Escutes meus rogo: se há, em todas as antigas e novas terras, ser humano com maior fardo a carregar em toda a história que fez-te sair de casa, não és tu. Fizestes, unicamente, aquilo que teus impulsos mandaram. O que vem a ser apenas mais uma prova de que além de existir um grandioso coração em teu interior, é, ele, mais nobre do que imaginas.
            Sei que seria de teu imenso agrado se me iluminasse qualquer assunto aprazível e aleatório para dissertar agora, mas eis que nenhum me ocorre. Resta-me apenas despedir-me por hora, pedindo-te desculpas pelo desabafo, mas tua culpa pesava-me em demasia e precisava contar-te isto.
                                                                               Doces abraços,
                                                                                                    Catherine.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011 0 conceito(s)

As horas

00
A esta hora não importa o que faça
Chá ou leite quente
É dado início à sua desgraça

01
Por hora ainda não há pressa
Livros ou música
O tédio, sem tamanho, começa

02
Nesta hora tem início a despedida
Boa noite ou durma bem
Momento de intenção dividida

03
Pobre hora em que acredita-se na má-sorte
Nem sono, nem sexo
A vontade deveria ser mais forte

04
Pobre hora em que começa a obrigação
Nem livros, nem música
Quisera dormir com uma canção

05
Nesta hora, enfim, apaga-se a luz
Pássaros e galos
Mas a vontade de adormecer não faz jus

06
Por hora, de início, clareia-se o céu
Trânsito e passos
Atravessam da noite o transparente véu

07
A esta hora tenta-se uma última vez
Remédios e chá
Chance de repouso, quem sabe, talvez.
 
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