sábado, 27 de novembro de 2010 0 conceito(s)

Por escrever.

Não por crimes ou castigos
esses não são verdadeiros motivos,
talvez por orgulho mas não preconceito,
quem sabe fruto de algum receio?
Não por amor e ódio,
tais já não removem o ócio.
Não à razão ou à loucura,
para transformar sua alma em pura.
Não por ser tórrido como o inverno,
sendo do céu um subalterno.
Nem por ser gélido como o verão,
tão quente por fora, por dentro não.
O maior motivo para escrever
sempre será para não se deixar de ser.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010 0 conceito(s)

Do pudor.

De onde surge tal necessidade para mentir?
Por entrelinhas duvidosas e extremos sinais,
ou por nojo desses filtros de vidas carnais.
Que não fazem nada mais do que proibir

a integridade dos atos, falhos ou não
que atravessam barreiras de pudor
e deixam um lastro amargo de rancor,
fazendo sempre de culpado o coração.

Companhia da quase obrigação de sorrir,
boa educação e gentileza são vitais
para que não lhes interesse nada a mais;
pois que, de alguma coisa, deve servir

fingir não ter malícia e sim compreensão,
desviando todo o foco para o fervor
daquele que narra, do seu completo terror.
Ao que escuta, respondendo com conselhos vãos.
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Lost memory

      Saiu de casa apenas para fumar e nem sabia onde estava e como havia chegado ali. De olhos tão vazios, tão tristes e tão nulamente cheios de lágrimas que eu achava que ele nunca iria superar o fim, o fim que o levou a mim.
      Frequentemente, eu o perdia. Mas sempre soube onde encontrá-lo, fugindo de uma multidão massacrante na qual ele mesmo se colocou somente para se sentir mal, perder o ar, quase desmaiar. Porque era assim que conseguia desligar sua mente quando finalmente chegava em mim. Porém, quando tudo esvaziava, quando o silêncio voltava a reinar sempre fui eu que tomei conta. Insuportavelmente sempre consegui ser pior do que a mais destruidora das paixões.
      E sentia que, por vezes, ele ansiava por mim, ao mesmo tempo que sentia medo e raiva. Não o culpo por essa confusão, essa mistura de todos esses sentimentos tão opostos e simultaneamente tão semelhantes. Não querer, querer, não achar, me encontrar, sufocar, fugir. Tão cruel que somente eu me diverti. 
      A mais pura verdade é que sempre foi por ele que existi. Por isso não me sinto exatamente triste pelos métodos extremos executados inutilmente, pois no fim, chega sempre a mim. O que ele procura não sou exatemente. Mas sou o que resta quando não acha nada. Sou o que restou quando se esqueceu da parte mais importante de si mesmo, sou o fruto de todo o desespero. Sou os resquícios de uma memória perdida. O que acontece quando se esquece o que mais se quer ter.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010 1 conceito(s)

More or Less

Eu estarei aqui,
Estática e perversa.
No meio de quem ri,
Ficarei sempre parada
Com sentimento inato.
Esperando ser acordada,
Ainda imóvel observadora
De orgulho mais que intacto
E sem aquela fala acalentadora.
E sem, todo o tempo, me desgastar,
Sempre posso me divertir...


Mas e se eu me cansar?
quinta-feira, 18 de novembro de 2010 0 conceito(s)

Manual

Sente o gosto da derrota em sua boca?
Sabe que não há o que seja pior de sentir
se usa de si mesma para ganhar e seguir
e ao perder, segue seus instintos de louca.

Sente a vitória fervilhar na ponta do dedo?
E sente o peso de toda responsabilidade dela,
como no escuro, quem segura uma vela,
é seguido por quem das trevas tem medo.

Sente tristeza de para com almas jogar?
Mas eis que jogando direito não existe o triste,
nem o feliz. Em realidade, nada que o irrite.
Além da rota fora de seu armado lugar.

Sente assim como não saber o que ser?
Continuar seguindo como menor dos hesitantes,
resistir como quão bravo o melhor dos aspirantes,
ou voltar atrás por nobre alguém, se acaso merecer.
 
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