terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Moulin Rouge - Amor em Vermelho


Moulin Rouge, do diretor australiano Baz Lurhman, lançado em 2001, é um musical romântico que se passa na França do século XVIII. Este trabalho baseia-se, portanto, em discutir as convergências e divergências entre o filme e os aspectos da escola literária do romantismo. Usaremos como argumento comparativo as narrativas estudadas em sala ou obras lidas anteriormente.

A personificação do bem e do mal, a idealização do herói, o belo e o feio, o amor impossível idealizado entre os protagonistas são algumas características presentes no musical e, ao mesmo tempo, particularidades importantes na literatura romântica inglesa dos séculos XVIII e XIX.

Um aspecto marcante nas fábulas é a chamada atemporalidade, geralmente presente em “era uma vez...”. No filme não é diferente. Apesar de não ser tão explícita, a frase “Havia um menino” se enquadra perfeitamente e consegue nos impedir de descobrir, a princípio, qual a época em que o narrador escreve seu livro. É, também, pela narrativa que se percebe a presença de outros dois fatores: a onisciência de quem escreve, uma vez que este conta episódios que nem ao menos presenciou e a utilização de flashbacks, que ocupam a maior parte do enredo; o filme é a metalinguagem: há um autor escrevendo sobre quando escreveu uma peça.

‘Amor impossível’ é um termo constante na literatura romântica, várias heroínas sofreram com isso, Helena, de Machado de Assis é um exemplo. Mas o contrário também ocorre. Por exemplo: do mesmo escritor citado acima, Guiomar, protagonista de A mão e a luva, é racional e escolhe seu marido através das vantagens oferecidas. Satine pode, portanto ser um meio termo de ambas já citadas. Racional, visando apenas sua carreira, envolve-se com o Duque em um relacionamento lucrativo e quando se apaixona pelo mocinho, Christian, se desfaz da sua frieza e aceita inclusive fugir com este.

Já o protagonista é o modelo heróico há muito utilizado. Bonito, inteligente, sensível e apaixonante. Seguidor fiel dos ideais boêmios – amor, liberdade, beleza e verdade - abandona sua família nobre para seguir seu sonhos. Chega mesmo a dizer que o amor se sobrepõe a tudo aquilo em que acredita. O fim da trama, com a morte de Satine e a depressão em que Christian entra logo após, ratifica todo o conceito de amor impossível, ‘morrer de paixão’.

Moulin Rouge é uma expressão de origem francesa, que significa “Moinho Vermelho”. Esse foi o nome dado a um cabaré que, de fato, existiu; foi construído por Josep Oller na capital da França, Paris, em 1889. No filme, o cabaré homônimo é palco de um enredo inspirado por três óperas: La bohème de Giacomo Puccini, La traviata de Giuseppe Verdi, e Orphée aux enfers de Jacques Offenbach, esta é um paródia do mito grego de Orfeu e Eurídice.

O romance de Christian e Satine pode ser associado ao mito em vários aspectos. O amor “cantado”, declarado por músicas que vão pontuando as sucessivas cenas da trama, remete a Orfeu, que cantava lindas melodias, inclusive para conquistar Eurídice. Outra cena muito marcante que pode ser associada a um episódio do mito é a da morte de Satine.

Christian é convencido por Satine a ir embora, pois se voltasse, o Duque prometera matá-lo. Porém, ele volta, cantando seu amor a ela. E, ao voltar, Satine morre. Da mesma maneira que Orfeu não podia olhar para trás, Christian não podia voltar.

Há, no musical, a presença polêmica da relação entre o real e o fantástico, que pode ser observada em algumas cenas como os números musicais fantasiosos, Christian e seus amigos tomando doses de absinto e sendo levados ao Moulin Rouge por uma fadinha verde, a lua cheia cantando, entre outras. Há fantasia nos efeitos e ficção no enredo, mas existe também o real, o Moulin Rouge, de fato, existiu e a época em que se passa a história de Satine coincide com a época do período mais glamoroso do cabaret.

Embora o filme conte uma história baseada em clássicos (óperas, mito, época do apogeu da Arte), as músicas populares que compõem sua trilha sonora são modernas; assim como as narrativas orais sempre foram adaptadas à modernidade. Há sempre essa necessidade de atualizar qualquer obra artística para a sua perpetuação, seja ela literária, cênica, audiovisual ou qualquer outra. Portanto, ao adaptar a obra com músicas regravadas, inéditas e mixadas, Lurhman assegura a permanência de seu musical em voga tempo suficiente para ser nomeado clássico.



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Um trabalho que fizemos em Dezembro de 2009, para a matéria de Estudos Literários I. Nem está tão bom, mas a nota foi máxima. haha

Eu acho esse filme lindo e achei maravilhoso fazer um trabalho dele. lol

(Obrigada aos que leram até o fim, chato pra caramba, eu sei!)

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